As emoções fazem parte do nosso sistema de auto-regulação. Elas dão-nos sinal das coisas que nos fazem bem ou mal e também nos põem em movimento para procurar conforto e bem estar: e-moção, em-movimento. Se nos desligamos da emoção, é muito díficil saber onde estão os nossos limites e o que nos faz bem ou mal.
Quando tocamos numa coisa demasiado quente dói, por isso sabemos que devemos evitar. Por outro lado uma temperatura amena faz-nos sentir bem e relaxar. Emocionalmente passa-se a mesma coisa. A dor ou conforto dão-nos mensagens que nos permitem saber o que procurar e o que evitar.
Muitas pessoas não sabem o que sentem. Inúmeras vezes pergunto aos meus clientes o que sentem, e ouço respostas que começam por “eu acho que”. Quando reforço que não quero saber o que acha, mas sim o que sente, aparece perplexidade. É mais fácil saber o que pensamos do que o que sentimos.
É fácil de perceber porquê: é possível “domesticar” os pensamentos, mas não as emoções.
As emoções “emergem”. Podemos vivê-las ou escondê-las, mas não podemos evitá-las. Muitas vezes as nossas emoções não são convenientes. Sentimos coisas que nos foram ditas que “não devíamos sentir”. Elas não se compadecem com convenções sociais. Não há como forçar-se a gostar ou não gostar de alguém, e também não podemos forçar-nos a estar alegres ou tristes.
Algumas emoções são dolorosas e habitua-mo-nos a considerar que a dor é sempre má, e fazemos de tudo para a evitar. No entanto, se pensarmos melhor, podemos distinguir entre pelo menos dois tipos de dor. A dor que magoa e a dor que cura. Uma dor que magoa pode ser a dor de dar um pontapé numa pedra ou martelar um dedo, ninguém duvida que queremos evitá-la… O melhor exemplo de uma dor que cura é a dor que sentimos quando nos massajam um músculo dolorido, é dor, mas é também alívio e descarga. O mesmo se aplica às emoções.
Para evitar sentir dor é preciso anestesiar-se, como qualquer anestesia, a emocional não é selectiva. Anestesiar a dor tem como efeito secundário a anestesia do prazer, e a anestesia da tristeza tem como contrapartida a da alegria.
A vida fica em lume brando. Se durar demasiado tempo chamamos-lhe depressão.
Quando as impedimos de fluir, ficam presas em círculos dentro de nós. E movem-nos de formas inconscientes que depois racionalizamos muito comportadamente.
Quando nos permitimos vivê-las, as emoções são como uma onda, sobem de intensidade e acabam por gradualmente diminuir e dar lugar a outras.
Uma das formas de as libertar é gratuita e muito simples: respirar.
Pode experimentar agora mesmo um suspiro ou dois e ver o que acontece…