Sabe realmente o que quer ou sabe melhor o que não quer?

Resoluções são escolhas, opções sobre onde decidimos colocar a nossa energia. Em que direcção escolhemos avançar. Um corpo mais esbelto, pulmões mais saudáveis, mais tempo para si…. A quantidade de energia de que dispomos é limitada, afinal, somos apenas humanos!

Há um antigo provérbio Havaiano que diz: “a energia vai para onde está a atenção.”
Aquilo a que prestamos atenção é alimentado. Se disser; “Não quero continuar neste horrível trabalho.” Pode prever o que vai acontecer… o trabalho vai continuar de horrível para pior, mas, se por outro lado disser: “Quero encontrar um novo emprego onde me sinta realizado.” É para aí que irá a  sua energia. O que vai escolher?

Então comece por perguntar a si próprio: O que realmente quero? Como gostaria que fosse a minha vida? Quais são as minhas prioridades? Não tem a certeza? Enumere os seus objectivos e verifique quais são os que lhe fazem brilhar os olhos, aqueles que realmente mexem consigo. Porque de outra forma pode estar a cair na armadilha nº 1:

Colocar energia em objectivos que não são realmente seus

Uma coisa é o que você quer, outra o que acha que deveria querer, uma coisa é quem você é, outra quem acha que deveria ser…. Você é perfeito exactamente sendo quem é, não há nada para melhorar, apenas partes submersas que podem ser convidadas a emergir, surgir à luz, ser reveladas, facetas suas que têm estado ocultas e podem florir se lhes for dado espaço.
Em que pensa quando estabelece objectivos? Se for em provar alguma coisa a alguém, inclusive a si próprio, ou satisfazer expectativas externas… boa sorte, vai precisar. Porque na verdade vai ter que optar, a quem quer ser fiel? É capaz de desapontar o outro para ser verdadeiro consigo mesmo?
Chegou até aqui? Ótimo! Já sabe o que realmente quer, pode passar à pergunta seguinte:

Está disposto a errar tantas vezes quantas necessário até acertar?

Era simpático se os objectivos se realizassem assim que ficassem claros, e sim, alguns caiem-nos no colo como prendas dos céus.Mudamos o nosso olhar, a nossa atitude e o mundo muda à nossa volta. As coisas que sempre nos aconteciam mudam, as pessoas à nossa volta olham para nós de maneira diferente…. Maravilhoso.
Outras vezes, no entanto não é tão simples, somos muito bons a ser como sempre fomos, mas aprendizes de feiticeiro a usar novas facetas nossas, novas capacidades. Conhecemos bem os gestos usados, mas os novos gestos que queremos trazer para a nossa vida, fazem-nos sentir completamente  incompetentes. E aí surge a armadilha nº 2:

“Quem julgas tu que és? Isto é bom demais para ti!”

Quem é você? Um ser humano, vulnerável, corajoso, a fazer o seu melhor para ser feliz. Sinta-se em casa, estamos todos no mesmo barco. Siga os seus sonhos, ou tem alguma coisa mais interessante para fazer?
Todas as ideias novas passam por um processo de aprendizagem. Se se habituou a um papel de vítima, vai precisar aprender a ser autor da sua vida. Se se habituou a nunca demonstrar fraqueza, pode sair-se mal nas primeiras vezes em que quiser dar parte de fraco…. Você não sabe com se faz e vai ter que aprender por tentativa e erro.
Como vai notar que acertou? Para esta pergunta tenho mais um provérbio havaiano no bolso: “A eficiência é a medida da verdade.”, ou seja: o que funciona está certo. Conseguiu aquilo de que precisava? Protecção, respeito, amor, dinheiro, descobrir a electricidade? Parabéns, encontrou um caminho.

Talvez lhe pareça muito trabalho, é verdade, mas, o último provérbio diz: “Faz o que sempre fizeste e terás o que sempre tiveste.” O que sempre teve chega ou quer correr o risco de tentar ter aquilo que precisa?
Lembre-se: as mudanças são um processo, está a viver hoje o que escolheu ontem, os resultados das escolhas de hoje só serão visíveis amanhã. Mas o amanhã está a ser criado pelas suas escolhas de hoje. Aqui surge a armadilha nº 3:

“Se não sou feliz a culpa é minha! Sou incapaz de fazer melhor.”

Se há uma emoção para a qual não consegui ainda encontrar utilidade, ela é a culpa. Porque ela implica castigo, em vez de reparação. “Vais ter que pagar pelo que fizeste!” Talvez isto funcione com uma criança: “Partiste o vidro do quintal, não jogas futebol lá fora durante uma semana….”
Mas você é um adulto, se partir o vidro do quintal a melhor solução é consertá-lo ou pagar a quem o conserte…. Você escolhe os riscos que corre e assume a responsabilidade pelas consequências.
Se as suas opções de ontem não foram perfeitas, bem-vindo ao clube, o que pode fazer hoje para melhorá-las? Cada dia um pouquinho melhor.
A culpa é só a desculpa perfeita para não assumir a responsabilidade. Quer usá-la? É perfeita, pode usá-la à vontade. Mas não vai trazer nada de bom ao mundo nem a si. A escolha é sua e a responsabilidade pelas consequências também. O livre arbítrio pode ser uma seca…

Stress e ansiedade: os companheiros de jornada das mudanças

É claro que mesmo sabendo o que quer, tendo coragem para agir e tomando responsabilidade pelos seus actos, mudar é aterrador! Fascinante, esplendoroso, auspicioso, entusiasmante, mágico e… aterrador.
Qualquer processo de mudança implica sair daquilo que conhece e com o qual mal ou bem sabe lidar e aventurar-se no desconhecido sem poder prever os resultados.

Imagine-se a dar um passo: entre o momento em que levanta o pé de traz e aquele em que o pousa à sua frente você está em equilíbrio instável num único pé. É assim a mudança, saímos de uma posição segura para um movimento instável e arriscado.
A notícia excelente é que, passamos a vida a fazer isto e na grande maioria das vezes corre maravilhosamente bem.
Ansioso? Lembre-se de quantas vezes deu passos, correu, saltou e tudo correu perfeitamente bem. Sabe a quem deve isso? À sua criança de há muitos anos que aceitou tentar andar, cair, chorar, voltar a tentar, ficar com o traseiro dorido uma e outra vez, mas não desistir até à vitória final. E aqui está você hoje, capaz de fazer tudo isto como se fosse óbvio. Não foi óbvio no princípio, mas correu bem. Se conseguiu fazer algo tão extraordinário quando ainda só tinha um ano, imagine o que pode conseguir agora!

Confie! Confie na vida e em que ela o levará onde tem que ir, e em si próprio e nos seus instintos. Eles tentam levá-lo “para casa” a todo o momento. Só precisa parar e ouvi-los. Tal como os pássaros voam para sul sem saber porquê seguindo o seu impulso, também você sabe instintivamente o que é bom para si, ouça-se e confie. O que sente parece-lhe louco? Olhe melhor, talvez não seja.

E, quando nada mais resultar e se sentir perdido e confuso, quando a sua vulnerabilidade se tornar um facto incontornável, olhe à volta. Você não está sozinho. Estamos todos no mesmo barco, como alpinistas escalando montanhas, cada um com o seu percurso mas partilhando desafios semelhantes. Todos tentando chegar a casa: aquele sítio dentro de nós onde podemos ser quem realmente somos: Seres feitos de pó de estrelas, destinados a brilhar.

E para o seu futuro, desejo-lhe a coragem de ser autêntico. Boa sorte. Estou a subir a uma corda perto de si.

Deixe um comentário